Os defeitos do tubo neural (DTNs) são os mais comuns do sistema nervoso central, com forte impacto na morbimortalidade infantil.
Podemos mencionar os seguintes marcos na evolução dos DTNs:
- Década de setenta: avanços nos tratamentos médico-cirúrgicos e redução significativa das sequelas e da deficiência.
- Década de noventa: início da prevenção primária dos DTNs baseada no consumo pré-concepcional de ácido fólico, por meio da suplementação vitamínica ou pela fortificação dos alimentos com ácido fólico (FAF), uma medida com alto custo-efetividade, cujos efeitos foram observados rapidamente em várias populações.
- Década de 2000: início das intervenções intrauterinas para pacientes com espinha bífida, com resultados promissores.
Os países com políticas obrigatórias de FAF conseguem reduzir a prevalência de DTNs até valores de cerca de 0,6 por 1.000 nascimentos totais. Em países sem FAF, a prevalência média é de aproximadamente 2,5 por 1.000 nascidos vivos e, em alguns casos, inclusive frequências tão altas como 10 ou 20 por 1.000 nascidos vivos.
Em 2015, a OMS recomendou promover medidas para obter concentrações ótimas de folato em mulheres em idade reprodutiva e um nível populacional com concentrações de folato em eritrócitos superiores a 400 ng/ml (906 nmol/l) para minimizar a prevalência de DTNs.
O escasso desenvolvimento dos sistemas de vigilância dos DCs e a pouca e fragmentada informação disponível na América Latina dificultam a capacidade de determinar a prevalência de DTNs adequadamente em mais de 11 milhões de nascimentos ao ano.
Atualmente, quase todos os países possuem legislação e programas de FAF destinados a diminuir as condições relacionadas com as deficiências de ácido fólico e outros micronutrientes. Entretanto, poucos estabeleceram o monitoramento e a avaliação do impacto de seus programas de prevenção, nem identificaram as tendências temporais antes e depois da FAF, o que parcialmente inviabiliza estes DCs.
Além da FAF, é necessário que haja uma vigilância integrada de todos os resultados adversos, cujo conceito implica a vigilância:
- da causa (por exemplo, insuficiência de folatos),
- do aparecimento da doença (prevalência de DTNs)
- dos resultados de saúde (morbidade, mortalidade e deficiência).
